60 - Vermelho 2

 

Quero um canto vermelho
Escuro.
Para soltar com voz sumida um
Urro.
De dor, de revolta, de não aceitação
De raiva, de mágoa, ciúme, ingratidão.
Chorar, acabar com tudo, socar um
Muro.
Quebrar a mão, os ossos, o coração.
Não dizer nada, aguentar calada.
E prometer, não demonstrar, dizer, sentir, mais
Nada.

Então leio minhas Palavras vazias de sentido.
E observo minha Vida oca de rumo.
Não há o que Eu queira mais.
E o que mais desejo o Universo não pode me dar.
A Esperança, está ali presente. Nego-me a observá-la.
Não há mais nada.
E seguro-me em Palavras ditas, não gravadas ou grafadas.
E vejo que a única promessa que nelas havia, era apenas um sonho.
Um sonho tolo e meu.
Somente meu.

E retorno desse posso profundo,
Desse desvario "inútil"
De Alma lavada.
Renovada.
Renascida.
Iluminada.

 Imagem: Arquivo Pessoal