domingo, 13 de setembro de 2009

29 - O demônio do Amor


Ouvindo o eco dos próprios passos.
Dia cinza, temperatua amena.
Um vento intermitente teimava em brincar com suas vestes e cabelos.
Acabara de deixar as flores sobre o túmulo do ex-amado.
Lágrimas secara todas.

Em solitário silêncio, coração encalacrado, proibido de pulsar.
Braços cruzados encarando o chão.
Brevemente sairia da necrópole.
Banira-o. Matara-o.
Nunca mais voltaria a ver, a ter
Principalmente – sentir.

Ao levantar os olhos, o viu.
Estava em cima de uma das mais belas sepulturas, no final da quadra.
As asas da estátua do anjo pareciam pertencer, fazer parte dele.
Ele a encarava com um olhar escuro, profundo e belo.
Matador.

Também de braços cruzados, calado.
O vento silenciara.
Ali parada, ela olhava aquele ser bonito, perigoso...
Sentia calma, vergonha, medo.

Não o queria e sabia que dele não fugiria.
Ele descruzou os braços e os estendeu para ela.
A sensação de ser levada só não era maior que sua vontade de se deixar ir.

Quando próxima ao túmulo ele se ajoelhou.
As poderosas asas de anjo, eram dele.
Ele a abraçou e seu toque era suave, quente, agradável.
Ela sequer tentou resistir.

O abraçou não tão suavemente.
E chorou. Chorou porque tentou não encontrá-lo novamente.
Chorou por saber que não o seguraria por muito tempo.
Chorou. Mais uma vez ele criara asas e voaria para longe...


Imagem - Kleber Silva

4 comentários:

Giane disse...

O ideal seria não mais sentir...

Dulce Miller disse...

Sim, seria o ideal, mas como não sentir, se os sentimentos brotam da alma e não do cérebro?

Que Deus nos ajude...

Beijos querida, arrepiei mesmo!!!

Amanda Morgenstern disse...

Gi, meu amor.
Você não sabe o quanto eu entendo o seu texto e o entendo com meu coração.
Você conhece minha história e sabe que eu tenho uma pessoa assim, ideal seria eu não o sentir mais, poder fechar os olhos e não ver aquele rosto tão belo sorrindo para mim ou poder ficar em silêncio sem ouvir a voz dele na minha mente. Seria o idela sim, mas será que eu iria gostar? Pois nem sempre o ideal é o melhor.
Temos que deixar as pessoas irem, mas as vezes é tão difícil e eu sei que eu farei com ele a mesma coisa que a mulher do texto, o abraçarei e chorarei, como choro agora enquanto escrevo esse comentário.
Me entregarei completamente a esse abraço, sabendo que um dia eu poderei não sentir ele novamente.

Gi, desejo que nos fiquemos bem, que nossos corações fiquem em paz, mesmo com ele por perto ou não, que encontremos nossa felicidade e nosso amor.

Beijos

Unseen India Tours disse...

Nice video and lovely shots !! Thanks for sharing..Unseen Rajasthan

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